quarta-feira, 27 de julho de 2011

Baseado em fatos irreais.


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Meu celular tocou e já fiquei corada, a idéia de que ele estava me ligando pra avisar que já estava próximo me deixava extremamente apavorava. Sempre odiei encontros às escuras. “Estou parado com o carro próximo ao ponto de ônibus” ele disse. Gaguejei algo como “estou te vendo, vou ‘praí”.

Ele era mais bonito pessoalmente do que nas fotos, mas a timidez dele gritava no sorriso que parecia machucar para conseguir se formar naquele rosto liso. Um cumprimento formal e simples e entramos no carro. A idéia inicial era de beber alguma coisa em um dos bares próximos ao curso, só não sabíamos onde. Andamos alguns minutos pelo bairro tentando encontrar algum lugar. O silêncio do carro só era quebrado pelos movimentos desconfortáveis que eu praticava no assento de couro. Tudo o que eu conseguia pensar no momento era no quanto eu odiava assentos de couro. Ele pediu pra eu escolher, decidi ir ao bar que tinha menos iluminação, assim ele não notaria ao longo da noite a cor vermelha de minhas bochechas.

Chegamos ao bar. Ele entregou as chaves para o manobrista e abriu a minha porta. O bar era amplo, com música ao vivo, iluminado por grandes velas que pareciam estar acesas há meses, bem derretidas, o que fazia delas mais bonitas ainda. Sempre tive uma queda por ambientes com velas, lembravam minha falecia avó, que sempre acendia uma grande vela e rezava para seus santos. Gostava dessa lembrança, mesmo eu sendo agnóstica, as velas e a luz do fogo me abraçavam durante as sessões de preces, só pelo fato de estar com a minha avó. O ateísmo que me fez começar um assunto durante a noite, já que nós dois estávamos incomodados com aquela situação, decidi repartir a lembrança. Conversamos sobre família, religião, futebol, música e sobre o tempo. Este último foi quando todos os outros assuntos já haviam se encerrado. Foi falando sobre o tempo que sorri sozinha ao pensar que eu devia ter feito cartões com tópicos e guardado na bolsa. Tópicos do tipo “O que você acha da expansão do Metrô?”, “Aborto: certo ou errado?”. Quando sorri ao pensar nisso durante um breve silêncio que pareceu durar minutos ele tocou na minha mão. “Seu sorriso é lindo”. Nunca sei retribuir esses tipos de gentileza, sempre acho que a pessoa só está sendo gentil por obrigação e não por realmente pensar aquilo. Quando abri a boca para responder um tímido “obrigada” ele chegou perto tão rápido que nem percebi que era um beijo que estava prestes a acontecer.

Já ouvi algumas pessoas dizendo que gostam do jeito que beijo, mas sempre achei que só uma pessoa no mundo teve o beijo que realmente encaixou com o meu. Para as minhas amigas me referia a ele como “o pecinha de Lego”. Mas o beijo que estava ocorrendo alí encaixou. Pensei que, somando as coisas em comum com aquele beijo, aquilo, a gente, poderia dar certo.

O beijo não deve ter durado mais do que um minuto, mas pra mim tudo andava em câmera lenta ao nosso redor. Por um instante a música se abafou nos meus ouvidos e eu posso jurar que senti o meu coração batendo no compasso do ponteiro de segundos de um velho relógio. Senti-o batendo tão forte, e ao mesmo tempo tão devagar. Não ousei abrir os olhos. Não queria que aquela sensação acabasse.

O beijo foi interrompido pelo vento que passou forte e derrubou o toldo de proteção das janelas. O barulho fez com que nos assustássemos e terminássemos o beijo com um breve estalinho.

“Vamos sair daqui?” ele perguntou, e pensei em não pensar em nada e só sentir. O modo como o meu coração batia me dizia que eu tinha que ficar com ele, o máximo de tempo que pudesse. Não queria que aquela sensação boa acabasse. Respondi que sim, e o tempo entre pagar a conta e estar deitada na cama dele não passaram dos cinco minutos.

Foi tudo tão rápido que nem lembro direito. Não sei se obra da ansiedade ou da Margarita, mas tenho apenas lembranças distintas do que aconteceu nesse meio tempo.

Enquanto eu estava deitada na pequena cama de solteiro sentia seu corpo tremendo em cima do meu, acho que fiquei com inveja, porque quando percebi isso, meu corpo começou a tremer mais que o dele. Não sei se era o frio ou se era o nervosismo. O frio castigava a janela do quarto que, vez ou outra, trombava de frente com a parede.

Quando ele tentou desabotoar minha blusa levei um murro da consciência, que me lembrou que eu o conhecia há apenas três horas. Disse a ele que era melhor não fazermos nada, que era muito cedo.

Homens têm uma concepção bem diferente das mulheres quando o assunto é sexo. Eles acham que não é nada de mais. Mas por experiência própria sei que o sexo muito cedo pode atrapalhar, acaba o romance, a novidade. Sempre achei que o certo pros relacionamentos não é nem beijar no primeiro encontro, que dirá sexo. Não há nada mais gostoso do que se conhecer primeiro, achar os pontos em comum e admirar os pontos diferentes no outro, pra depois dar um beijo. Sabe quando você está tão apaixonado que quer se juntar com uma pessoa num beijo tão forte, pra dois virarem um? Acho uma delícia fantasiar na cabeça como será o beijo daquela pessoa, como será o toque. E quando, depois de um tempo, o beijo acontece, qualquer mínimo movimento é arrebatador, qualquer mínimo toque arrepia.

Levantei da cama como um foguete. Achei um pé do par de meias no corredor e o outro pendurado nas pontas dos meus dedos. Olhei no relógio que marcava mais de quatro horas da manhã. Pensei que minha mãe deveria estar furiosa, no meio desses beijos todos me esqueci de avisá-la que não voltaria tão cedo pra casa.

Ele perguntou se poderia me ver mais uma vez e eu concordei, tentando não transparecer que estava totalmente apaixonada.

Acho estranho como o sentimento funciona. Como o coração age. Às vezes penso que o coração tem um cérebro à parte, com muito mais agilidade pra tomar decisões do que a razão.

Entramos no carro e ele me deixou na porta de casa. Mais vinte minutos de beijos doloridos. Estranho como dói abandonar as coisas, mesmo quando sabemos que tudo pode ser feito de novo em breve. Quando vi uma luz acender dentro de casa, decidi soltar o cinto e descer do carro. Despedi-me com um beijo em seu olho direito, me agarrando na idéia de que minha vida tinha, então, mudado para sempre.


sexta-feira, 17 de junho de 2011

Deus é más.

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Por muito tempo eu procurei entender o mundo através das religiões. Posso dizer que fiz um laboratório de crenças, procurei respostas em todos os lugares, mas só encontrei mais dúvidas.

Algumas coisas me assustam. A cabeça dos seres humanos é uma coisa amedrontadora. Nunca pensei que sentiria mais medo de gente do que de bicho.

Não consigo mais acreditar em Deus, seja ele quem for. Não consigo mais ter fé... Tenho esperança, mas fé não. Invejo quem consegue ser fiel. Não gosto do jeito como vejo o mundo, é muito cinza e seco. E as religiões só me afastam mais ainda da fé.

A natureza se tornou minha religião. Acredito na inocência dos animais e na força dos ventos. Na energia da terra e na pureza das águas. Creio no que preciso. No que vejo. E só. Acredito, ainda, no poder das preces silenciosas, mas pelas vibrações emanadas e não mais pelo senhor de barba que atende pedidos.

Mas quem quiser rezar por mim, é bem vindo.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Um breve pensamento sobre relacionamentos.

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Não sou uma piriguete. E exatamente por não ser uma que eu sempre preferi namorar a ficar só por uma noite. Não que eu julgue pessoas que fiquem com caras/minas diferentes por dia, mas essa sou eu. Namorar pode ser assustador para certas pessoas, mas não consigo entender por que.


Parei pra pensar porque as pessoas nunca ficam juntas por muito tempo, por quais motivos a maioria dos casais acaba os namoros tão irritados, se odiando tanto, e peguei como base os meus próprios namoros (essa é a parte em que meus ex que lerem isso vestem a carapuça, mas lindos, juuuuro que não estou falando de nenhum de vocês...) e em quase unanimidade eu percebi que no começo do namoro eles eram uma coisa e ao final, outra.


BINGO! É isso! O problema universal dos relacionamentos que envolvem amor, respeito, cumplicidade e dedicação peca no quesito: verdade. E a verdade engloba vários pontos. Quando um casal começa a se conhecer sempre tenta ser o mais legal, o mais engraçado, descolado, bem vestido e popular. Só que nenhuma mentira é sustentada por muito tempo, logo, se você cria uma personagem pra fazer a outra pessoa se apaixonar por você, esse personagem fica gasto depois de um período e torna-se uma chatisse. Uma chatisse que vai fazer você ficar de saco-cheio de mentir para agradar o outro e fazer você pensar “pô, porque eu não posso ser eu mesmo?” e aí meu querido, que você cai na malha fina do amor: você devia ter feito isso há muito tempo. Porque raios você resolveu tentar ser uma coisa que não é? Por um acaso você parou para pensar que se você realmente gostou de uma pessoa pelo o que ela é, essa deveria ser uma recíproca verdadeira? Quantas vezes eu já não disse a frase: “ele era incrível quando começamos a namorar, mas depois de um tempo aconteceu isso, isso e isso e ele se tornou um idiota!”. E eu disse essa frase já que na maioria das vezes em que isso me aconteceu foi porque eu me apaixonei por um ator. Um ator que fingiu ser um chapéu e depois descobri que era um sapato, um sapato que não era do meu número.


Quando eu conheço uma pessoa e gosto dela, vejo potencial, sou verdadeira. Talvez isso assuste um pouco, mas gosto sempre de falar o que penso e a verdade. Não fico “teatrizando” nada. Não me projeto uma pessoa que não sou exatamente pra não correr o risco de ter que passar o resto da vida sendo quem não sou. E é a única coisa que eu cobro dos outros, que me digam a verdade, não importa a intensidade, que sejam verdadeiros e sinceros. Com isso, você poupa em 100% suas histórias fantasiosas, suas atitudes forçadas e um final de romance desastroso. Como diria a mãe de Ryan Reynolds no filme “Apenas Amigos”: be yourself, be yourself, be yourself, and be yourself!



sábado, 23 de abril de 2011

Guarde o que foi bom

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Hoje sou uma pessoa muito melhor do que eu jamais pensei que poderia ser. Todo o mau que me fizeram foi absorvido e tornou-se um escudo. Hoje esse escudo me protege e de certo modo mantém meus pés no chão. Passei a usar um pouco mais a cabeça e um pouco menos o coração. Hoje eu sei dos meus valores, sei quem sou e quem posso ser. Não mudo mais por ninguém, não troco mais amigos por amores, não corro mais do perigo.


Houve um tempo em que eu pensava precisar de gente pra ser feliz. Bobagem! Preciso só de mim. Nasci sozinha e vou morrer sozinha, essa é a lei. Se eu estiver só, ótimo. Se mais alguém quiser correr comigo, perfeito. Mas nunca mais eu deixo de ser quem sou por ninguém. Esse sorriso aqui, hoje, é sincero. E não há quem o tire do meu rosto.


*agora dá o play e curte uma musiquinha bem bonitinha.





Aonde estiver espero que esteja feliz /Encontre seu caminho /Guarde o que foi bom e jogue fora o que restou /Tem horas que não dá pra esconder no olhar /Como as coisas mudam e ficam pra trás /O que era bom hoje não faz mais sentido /É, uma hora isso ia acontecer /A vida cobra e a gente tem que crescer /Me pergunto se você pensa em mim como eu penso em você. /Pois acredito nos meus sonhos /Eu acredito na minha vida /E no meio dessa guerra /Nenhum de nós pode ganhar /Sonhar, e não desistir /Cair e ficar de pé /Dar valor depois que passou /É duvidar da sua fé /Eu vejo a vida tem vários caminhos /E entre eles o destino improvisa /Nos pequenos detalhes da vida /A resposta está escondida /And I'll be rolling, rolling /Baby get me dope /And I did all wrong although your heart was gold /Now I may be numb and lonely and heartbroke /Facing that before this heart starts smoke /If you wanted I should, could, would get it /Maybe I should a couple miles, just a little bit /But I was thinking about the present /I was way too selfish /Trying hard not to call you, I just can't help it /Girl you changed me, know this ain't a praise /But it's kind hard to speak without my faith/ If you left, leave me I'll act I was all brave /I want you in my life, no one can please me /Rush in to the phone when I hear your ringtone /Hear you when I think, like you push your things on /I'll wrap, but you make me want get my sing on /Gotta sit back and wonder how you get the jeans on, shut /Memórias e lembranças /Certezas e dúvidas /Nada parece mudar /E apesar de tudo enquanto o tempo passa /Ainda espero a sua resposta.

Gostosa à moda da casa


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Ao admirarmos pinturas do século XVI vemos apenas homens gordos, segurando coxas de frango, mulheres tão robustas que chegam a ter as bochechas rosadas porque isso era a moda daquela época.


Eu tenho a teoria de que o bonito para a estética é o mais difícil. Nos dias de hoje as mulheres tem que ser magérrimas, com seios fartos e bumbum empinado. Uma mulher com esse corpo no passado era a escrava, pobrezinha, que ficava lá na labuta enquanto os ricos enchiam o brioco de comida boa. O quadro muda exatamente porque hoje é muito mais fácil ser gordo do que magro. O que rico come? Dieta balanceada de produtos light/diet que fornecem o suficiente pro organismo, mas custam os olhos da cara. O que comem os pobres? Batatas fritas, coxinha, salsicha, lingüiça, carne, carne, carne, fritura, fritura, fritura.


O padrão de estética é movido pelo quão difícil será o resultado final. Pra você ser magro você tem que ir a um nutricionista, ir a academia e ter autocontrole. Porque vocês acham que eu sou gorda? Porque sou old school e gosto de viver nos outros séculos só de brinks? É porque o condimento mais barato que existe é o ÓLEO e com ele fazemos as coisas mais gostosas do mundo que são exatamente as coisas que deixam a minha barriga idêntica a uma pochete da Oakley!!!


Abaixo a ditadura da moda! Se eu tivesse nascido naquela época Pedro Álvares Cabral teria se apaixonado por mim, ok?



Esse texto foi uma contribuição minha pro blog http://cinturalarga.blogspot.com/ das minhas linda Helena (@quinhadepipoca) e Nataly (@NahMM). Visitem elas (:

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Rindo na cara do perigo

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Homem (e quando eu digo homem me refiro aos machos da espécie humana) são os piores seres vivos que eu já tive o desprazer de conhecer. Todos falam que mulher é isso, mulher é aquilo, e realmente elas são um monte de coisas mesmo. Só que ninguém fala dos homens. Isso que dá viver numa sociedade machista. Como eu gosto de viver perigosamente e rio na cara do perigo, eu vou falar: homens são fúteis.


Vocês perguntam: “E quais são as bases dessa sua teoria, Vanessa?” e eu lhes respondo: nenhuma, há! Apenas a vivência dessa humilde otária que vos fala.


A maioria dos meus amigos são homens e eu os conheço bem. Quando estão comigo são uma coisa, entretanto quando os vejo se relacionarem com outros machos da espécie tornam-se completamente boçais. Mas é boçalidade mesmo. Arrumam briga, mudam o linguajar, a postura, atitudes, tudo apenas para impressionar os outros homens. Um homem não namora uma mulher legal, engraçada. Essa eles deixam pra ser a melhor amiga conselheira ou até pra trair a namorada quando já estão entediados com a burrice da mesma. Eles sempre vão procurar a mais gostosa, a mais rica, a mais loira/peituda/coxuda para acasalar. E tudo isso para ser o macho alfa do rolê.


Eu, sendo quase um ser assexuado, consigo ver bem como os dois gêneros se portam. Mulher também é fútil, adora fazer uma inveja prazamiga, adora contar vantagem. Mas mulher se apaixona e corre atrás do que quer por si, não pelos outros. Mulher gosta mesmo é de cara engraçado, inteligente e com presença. Não precisa ser incrível, gostosão, basta ser ele mesmo. Mulher é sincera, diz o que pensa, não trai... Agora homem, meus amigos, homem é o bicho mais asqueroso que conheço... Sempre traiçoeiro. Sempre querendo ser o melhor, o mais gostoso, o mais fodão, só pra ser o mais querido pelos outros homens. E esse mito de que todo homem é brother, que mulher é tudo falsa é mentira. Todo homem fala mal dos outros, faz fofoca, queima o filme do amigo pra pegar a mesma mina.


Desculpem pelo tapa na cara da sociedade, mas os homens são pior do que as mulheres!


· Quando vocês acharem a exceção da regra me avisem.



domingo, 17 de abril de 2011

Isso não é um teaser sobre cinema!


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Você já assistiu ao filme “Dúvida”? A história é basicamente composta por três personagens: 1- Flynn (Philip Seymour Hoffman), um vibrante padre que foi transferido para a escola católica St. Nicholas e tenta mudar os costumes antiquados da nova escola. 2- irmã Aloysis (Meryl Streep diva), diretora da escola e extremamente rígida. 3- irmã James (Amy Adams), uma jovem e inocente freira. A trama acontece quando a irmã James suspeita das atitudes do padre Flynn com um jovem aluno negro e conta para a diretora Aloysis que o padre em questão é “atencioso demais” com o garoto. A partir de então a diretora Aloysis faz de tudo para descobrir a verdade e banir o padre da escola, mesmo sem ter nenhuma prova ou evidência, exceto a sua própria certeza moral.


Em certo ponto do filme, o padre, ao descobrir das suspeitas das duas freiras, faz um sermão durante a missa sobre fofoca:


“Uma mulher estava fazendo fofoca com uma amiga sobre um homem que ela mal conhecia. Sei que nenhum de vocês jamais fez isso... Naquela noite, ela sonhou que uma mão enorme aparecia do nada e ficava apontando para ela, o que a fez sentir um incômodo sentimento de culpa. No dia seguinte, resolveu se confessar e contou a história toda para o velho Padre O'Rourke. ‘Fofoca é um pecado?’, perguntou ao velho padre. ‘Foi a mão de Deus Todo Poderoso apontando um dedo para mim? Devo implorar pela sua absolvição? Padre, me diga, eu fiz algo errado?’ ‘Sim!’ respondeu o Padre O'Rourke. ‘Sim, você levantou falso testemunho contra seu vizinho! Arruinou a sua reputação injustamente e deveria sentir vergonha por isso!’ Então a mulher disse que lamentava muito e pediu perdão. ‘Não assim tão rápido!’, retrucou o Padre. ‘Eu quero que você volte para casa, pegue um travesseiro e leve-o até o seu telhado, corte-o, abrindo-o com uma faca, e volte aqui!’. A mulher foi para casa, pegou um travesseiro, uma faca e subiu até o telhado, onde retalhou o seu travesseiro. Depois retornou à paróquia como o Padre a havia instruído. ‘Você rasgou o travesseiro com a faca?’, diz ele. ‘Sim, Padre.’ ‘E qual foi o resultado?’ ‘Plumas’, disse ela. ‘Plumas?’ Ele repetiu. ‘Plumas para todos os lados, Padre!’ ‘Agora eu quero que volte e reúna todas, uma a uma e as recoloque no travesseiro’ disse O’Rourke. ‘Bem’, disse ela, ‘isso não pode ser feito. Eu não sei aonde elas foram parar. O vento espalhou-as por todos os lados’. ‘É isso’, disse o Padre O'Rourke, ‘isso é o que faz a fofoca! Uma vez feita, você perde totalmente o controle sobre ela, de onde foi parar, de como se propaga e é impossível trazê-la de volta.’”


Essa história nada tem a ver com religião. É para refletir. A partir do momento que você abre a boca para falar alguma coisa dos outros, você precisa ter três certezas: primeiro se o que você vai dizer é um fato, se é verdade mesmo; segundo se é uma coisa boa, se não vai destruir uma reputação e terceiro se há necessidade, se vai resolver alguma coisa, ajudar alguém. Se você tiver essas três certezas, por favor, passe a diante a informação. Se não, limite-se em guardar a sua “suspeita” só para você.


No mais, assistam ao filme quem ainda não assistiu e assistam novamente aqueles que ainda não conseguiram captar a moral da história.







terça-feira, 12 de abril de 2011

Arnaldo Jabor disse certa vez...

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Sempre acho que namoro, casamento, romance tem começo, meio e fim. Como tudo na vida. Detesto quando escuto aquela conversa:


- ‘Ah, terminei o namoro… ‘


- ‘Nossa, quanto tempo?’


- ‘Cinco anos… Mas não deu certo… Acabou’


- É, não deu…?


Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou. E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.


Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.


Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro? E não temos esta coisa completa. Às vezes ele é fiel, mas não é bom de cama. Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel. Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador. Às vezes ela é malhada, mas não é sensível. Tudo nós não temos. Perceba qual o aspecto que é mais importante e invista nele.


Pele é um bicho traiçoeiro. Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia. E as vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona…


Acho que o beijo é importante…e se o beijo bate…se joga…senão bate…mais um Martini, por favor…e vá dar uma volta. Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra. O outro tem o direito de não te querer. Não lute, não ligue, não dê pití.


Se a pessoa tá com dúvida, problema dela, cabe a você esperar ou não. Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.


O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta. Nada de drama. Que graça tem alguém do seu lado sob chantagem, gravidez, dinheiro, recessão de família? O legal é alguém que está com você por você. E vice versa.


Não fique com alguém por dó também. Ou por medo da solidão. Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado. E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.


Tem gente que pula de um romance para o outro. Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia? Gostar dói. Você muitas vezes vai ter raiva, ciúmes, ódio, frustração.


Faz parte. Você namora um outro ser, um outro mundo e um outro universo. E nem sempre as coisas saem como você quer…


A pior coisa é gente que tem medo de se envolver. Se alguém vier com este papo, corra, afinal, você não é terapeuta. Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível. Na vida e no amor, não temos garantias. E nem todo sexo bom é para namorar. Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar. Nem todo beijo é para romancear. Nem todo sexo bom é para descartar. Ou se apaixonar. Ou se culpar.


Enfim… Quem disse que ser adulto é fácil?




quinta-feira, 7 de abril de 2011

Protótipo de Sapatão

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Minhas memórias mais antigas de conversas na hora do jantar são do meu pai falando que se um dia ele tivesse uma filha “sapatão” ele “botava pra fora de casa”. Para um homem ignorante e machista que foi abençoado com três filhas essa seria a deixa perfeita pra botar “medo”. Pena (pra ele) que esse “medo”, que ele jurava estar implantando nas nossas cabeças recém-formadas, não existiu. Pelo menos pra mim. Desses tais diálogos das refeições lembro-me bem do dia em que ele ficou mais bravo comigo. Um dia, eu, com sete anos de idade, respondi: “Se um dia eu me apaixonar por uma menina eu vou namorar com ela. Sempre vejo as pessoas falando que a gente tem que fazer o que o coração manda, então se eu gostar de uma menina ficarei com ela. Todos são seres humanos, não existe isso de cor, religião, homem e mulher”. Desde pequena eu sempre me interessei por esses assuntos. Pra sorte do meu pai eu nunca me apaixonei por uma garota (tirando a minha paixão platônica pela Mariana Ximenes na época de A Favorita), mas só consolidei cada vez mais essa idéia na minha cabeça.


Como uma mágica do destino, eu sempre fui quase um moleque. Tirando fisicamente. Sempre me interessei por futebol, nunca gostei de frescura, nunca liguei muito pra como me vestir, sempre andei só com meninos. Meu pai até disse para minha irmã que estava ficando preocupado. E pra melhorar fiz amizade com gays. Mas, estranhamente, meu pai não se importa com isso. Acho que pra ele é a velha história de que não sendo no teto dele não tem problema.


Um dia desses estávamos eu e meu pai assistindo às notícias quando uma nota contava que o jogador de vôlei Michael fora chamado de várias coisas durante uma partida devido a sua orientação sexual. De crianças a senhoras, eram xingamentos de eufemismos homossexuais voltados ao jogador. Aí eis que surge a frase: “Acho que uma pessoa nasce gay porque ela foi muito ligada a sua personalidade na outra vida”. Foi aí que meu pai atingiu o ápice do meu calo: achar que tudo na vida é explicado por religião.


Acho muito bom as pessoas terem fé, até as invejo. Eu, um dia, tive muita fé. Mas hoje vejo o mundo com outros olhos e tenho outra visão das religiões. Acho até bom que as pessoas tenham algo para se apegar, mas até certo ponto (homens-bomba = demais para mim). A bíblia pra mim é um livro escrito por homens que queriam controlar outro bando de homens e por isso escreveram várias historinhas incríveis, cheias de milagres, para ensiná-los uma lição. Manja a fábula da lebre e da tartaruga? Você lê a história, absorve as idéias principais e aprende uma moral. Não é que realmente tenha existido uma lebre e uma tartaruga falantes que apostaram uma corrida, mas alguém quis ensinar algo e criou essa história apenas para que o leitor absorvesse a moral dessa história e ponto. Ou vocês realmente acham que menino Sansão tinha uma força incrível graças ao seu cabelo comprido e que menina Eva comeu uma maçã estragada? A bíblia não passa de uma grande junção de fabulas que servem apenas para você captar a mensagem e não levar aquilo no literal.


Foi aí que eu disse ao meu pai que religião não tem nada a ver com isso. Uma pessoa não escolhe preferir nada nessa vida. Do mesmo jeito que tem gente que gosta de mulher alta, homem loiro, chocolate branco, Coca Zero, tem gente que gosta de pessoas do mesmo sexo. Não é promiscuidade, não é carma, não é putaria, não é maldade. É gosto! E hoje, depois de 14 anos, repito ao meu pai que se um dia eu me interessasse por uma mulher, se eu GOSTAR de uma mulher, não deixarei de viver algo por causa de uma sociedade hipócrita.


sábado, 2 de abril de 2011

Inventando

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' Vanessa diz:


Tô querendo



Wilian diz:


É só fazer...


Você consegue.


Você tem um futuro brilhante.


' Vanessa diz:


Eu não quero pensar no amor agora.


O amor que me ache!


Wilian diz:


Você só precisa saber que ele existe.


' Vanessa diz:


Eu sei que ele existe...


Eu sempre sinto ele,


Ele que não me sente.


Vou dar o tempo dele


Ele precisa de um tempo pra me achar



Wilian diz:


Ei...! Música boa



' Vanessa diz:


Onde?


Wilian diz:


A que você acabou de inventar (:



sábado, 26 de março de 2011

A vida não vai te esperar para sempre

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Já passou tantas vezes pela minha cabeça a palavra suicídio. Há dias em que acordo e não me encaixo no contexto. Vejo pessoas ao meu redor tão fúteis, tão preocupadas em serem o que os outros querem que elas sejam e não entendo o que faço aqui. Religiões parecem tentar me dizer algo, mas não consigo decifrar, ouço palavras que não fazem sentido, explicações que não explicam nada. Mas ainda que a vida seja um mero acaso, mesmo que não haja ligação alguma entre você e eu, mesmo que estejamos aqui apenas pelo efeito de um átomo primordial, suicídio não é saída para nada. A vida está aqui e temos de vivê-la da melhor maneira possível. Quem sabe ao certo o que acontece depois da morte? Quem sabe ao certo se teremos uma nova chance ou se o nosso último suspiro é a despedida eterna? E sabe do que mais? A vida é a única coisa que de fato temos controle. A única coisa que podemos decidir quando terminar, como terminar. Se ela será linda, cheia de alegrias. Ou se ela será cinza. A vida te dá oportunidade de superação, aquela segunda chance que você precisa pra recomeçar, pra ser feliz, pra mudar, pra se arrepender, pra voltar atrás. Por isso não dependa de ninguém, apenas de si próprio. A única pessoa que pode te fazer feliz é você mesmo. A vida está acontecendo e é agora, não espere morrer pra dar valor ao viver.



domingo, 13 de março de 2011

Não fui eu, foi meu eu-lírico

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Poderia eu me apaixonar por mim mesma?


Será que só eu me vejo como uma pessoa encantadora, simpática, engraçada quando há de se ser engraçada e séria quando tem-se de ser? Será que só eu sou capaz de enxergar minhas qualidades e meus defeitos sem julgá-los como qualidades e defeitos? Será que apenas eu entendo que qualidade e defeitos não devem ser separados como tais já que as melhores qualidades são os piores defeitos e vice-versa?


Acho mesmo que só me apaixonarei por alguém quando eu souber que eu sou a pessoa mais importante da minha vida e que sempre terei alguém para cuidar de mim: eu.


quarta-feira, 2 de março de 2011

Aloka e o lado frio da verdade

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Mas aí eu paro e penso: cada dia que passa pessoas me decepcionam mais. Muitas vezes cogito a possibilidade de somente eu ser coerente nas coisas que falo. Parece-me que todas as outras pessoas não sabem o que dizem, dizem por dizer, ou dizem sem querer dizer apenas para agradar alguém. Sabe do que mais? Preferia que você se calasse. Preferia que você não mentisse. Ou melhor, preferia que você não falasse o que não pensa, o que não acha, o que não sabe. Muito simples, muito mais fácil do que sair por aí cuspindo milhares de aleives.

Dá o play e segue a letra:

Palavras simples revelaram o que dói pra compreender.
Promessas falsas, contradições...
mas nem sempre foi tão normal (entre nós)
Por que você se alimenta de algo que te consome?
"Me perdoe..."
Nem todas as lágrimas do mundo têm o poder de fazer voltar...
Desejei que tudo fosse um engano, mas a verdade está atrelada a mim.
O que está feito não pode ser desfeito.
(Digo mentiras falando só a verdade).
Vejo meus erros refletidos em você.
Quando quis a verdade, não imaginei, as incertezas que ela poderia trazer para nós.
(Me entreguei a um falso amor...)
Com suas verdades dobro os joelhos, entrego a alma, transpareço a dor.
Por todo sempre, sorver mentiras, engolir mágoas, transpirar temor.
A ignorância me traria alívio e evitaria que eu perecesse na dor.



domingo, 27 de fevereiro de 2011

Aloka do Sentimentalismo

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Engraçado pensar no meu “possessivismo”. Ok, a palavra nem existe, mas eu conjuguei mesmo assim. Sou dessas que inventa palavras pra explicar coisas inexplicáveis. Como esse meu sentimento de possessividade, por exemplo. Não consigo explicar, só sei sentir. Só sei que eu sinto isso por pessoas o tempo todo. O sentimento de posse.


Mas afinal, como se explica um sentimento? Sentimentos foram feitos para serem sentidos e não explicados. Uma pessoa só vai entender um sentimento sentindo-o. Não será lendo as minhas palavras sem nexo que a pessoa vai saber o que eu sinto. Não vai ser assim que eu vou fazê-la entender que eu a amo de tal forma que não quero dividi-la com ninguém. Não vou conseguir mostrar o que o meu coração sente quando ela está longe, muito menos o bem que ela me faz quando está perto.


Não dá para explicar sentimentos.



domingo, 20 de fevereiro de 2011

Aloka do Samba

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Tem mais samba no encontro que na espera

Tem mais samba a maldade que a ferida

Tem mais samba no porto que na vila

Tem mais samba o perdão que a despedida

Tem mais samba nas mãos do que nos olhos

Tem mais samba no chão do que na lua

Tem mais samba no homem que trabalha

Tem mais samba no som que vem da rua

Tem mais samba no peito de quem chora

Tem mais samba no pranto de quem vê

Que o bom samba não tem lugar nem hora

O coração de fora

Samba sem querer

Vem que passa

Teu sofrer

Se todo mundo sambasse

Seria tão fácil viver

Tem Mais Samba – Chico Buarque - 1964




segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Aloka do futebol

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O futebol sempre fez parte da minha vida. Nasci em 1990, ano da Copa do Mundo na Itália, e desde que me conheço por gente me lembro do meu pai chorando ou comemorando muito em partidas de futebol do Brasil e do Corinthians. Meu pai só teve filhas mulheres (três) e eu sou o mais próximo de um filho homem que ele conseguiu ter, risos. E para agradar o meu pai, comecei a acompanhar o futebol, e gostei. Muito.

Lembro-me do meu pai me contando “do garoto novinho do Cruzeiro que jogava bola bem demais” esse garoto era o Ronaldo. Na época eu era bem pequena, mas comecei a acompanhar com meu pai os jogos e os programas de cobertura futebolística da televisão. E logo menos esse “garoto” já era meu ídolo. O jeito como ele movimentava a bola, as jogadas, aquilo tudo parecia uma dança linda na minha cabeça. Eu ficava paralisada quando o via jogar e, meu Deus, como eu gostava de vê-lo jogar. Lembro do jogo histórico do Cruzeiro contra o Bahia, em que ele marcou cinco gols e a memorável “roubada” de bola do goleiro (até hoje vemos essa imagem em retrospectivas do ídolo).

Minha memória mais antiga de relacionamento com meu pai é da final da Copa do Mundo nos EUA, em 1994, quando o Brasil ganhou da Itália. Meu pai estava tão nervoso que me pegou no colo na hora dos pênaltis e fomos pro andar de cima da nossa casa. Meu pai avisou minha mãe que não ia agüentar ver aqueles pênaltis e que ia ficar ali na sacada do meu quarto, que era para avisá-lo do resultado quando acabassem os pênaltis. Meu pai me colocou em seus ombros e ficou lá, de pé, murmurando algum tipo de reza maluca e supersticiosa a favor da Seleção Brasileira. Lembro-me até hoje dos gritos de alegria dele quando minha mãe subiu correndo pra contar que o Brasil conquistara o Tetra. Mesmo sem Parreira ter dado chance de jogo a ele, o país era oficialmente apresentado a “Ronaldinho”.

Veio a Copa do Mundo de 1998 e eu mal podia esperar, imaginando que eu ia ver aquele espetáculo que era assistir ao Ronaldinho jogar futebol. Alguma coisa nele me encantava demais, acho que era aquele sorriso que parecia ter uns 300 dentes na boca, o sorriso não acaba nunca, sorriso capaz de encher um cômodo inteiro de alegria. E vieram com a Copa, os problemas, e Ronaldo teve uma convulsão. Perdemos a final para a França, por três gols a zero.

Em 2002, eu já era uma “mocinha” e me lembro de quantos gritos eu dei, de como comemorei com aquela Copa do Mundo. Com o Ronaldo. Com o Brasil. Ronaldo foi essencial para a conquista do Penta e ganhou, com muito mérito, pela terceira vez, o prêmio de Melhor Jogador do Mundo. E eu comemorei mais uma vez com a minha família mais uma conquista da copa do mundo (só que dessa vez consigo lembrar-me de quase tudo, rs).

Ronaldo operou o joelho e fez mais participações no Brasil e eu continuei a admirá-lo, pela força de vontade, pela garra e, claro, pelo futebol. Muita coisa ainda tinha pra acontecer.

Toda a minha vida, quando me perguntavam “quem você acha que o Corinthians tinha que contratar pro ataque?”, eu respondia sem pensar duas vezes que eu queria o Ronaldo. E esse dia chegou. Quando esse dia chegou, eu não me agüentava de alegria. “O Ronaldo, O FENÔMENO, está no Corinthians. Vocês sabem o que significa isso? Vocês têm alguma idéia do que é ter o Ronaldo no Corinthians? Não precisamos de mais nada! É tudo nosso!”. Era a chegada de mais um louco pro nosso bando. E que chegada. Estava chegando a nossa hora. O primeiro gol do Ronaldo foi comemorado do jeito mais corintiano possível: no sufoco! 47 minutos do segundo tempo, escanteio pro Corinthians. Douglas cobra e Ronaldo cabeceia pra dentro do gol. Pra dentro do gol do Palmeiras. Aquele foi o gol mais lindo que eu já vi. Não foi um gol maravilhoso, não foi um gol de uma jogada planejada, mas foi um gol do Ronaldo. O lindo não foi o gol em si, mas a comemoração. E que comemoração. Ele correu pra grade e a torcida literalmente se jogou pra cima dele. Todos queriam tocar no fenômeno. Todos queriam passar com um olhar, um sorriso, um toque a felicidade que eles estavam sentindo, Ronaldo tinha salvado o dia. Ronaldo que nunca havia feito um gol contra o Corinthians, agora estava fazendo gols pelo Corinthians. Era perfeito.

Com Ronaldo conquistamos o Campeonato Paulista (invicto) e a Copa do Brasil, ambos em 2009.

Eu posso ficar aqui dias contando os mínimos detalhes do por que Ronaldo é tão importante na minha vida. Do por que futebol é tão importante na minha vida. E eu tenho certeza que todos os brasileiros têm pelo menos uma história que envolva “futebol” e ”felicidade” na mesma frase. O futebol é muito na vida de muitas pessoas. Pode parecer idiota, afinal, é só um esporte. Mas na verdade não é só um esporte. Assistir uma partida vai além de simplesmente assistir uma partida. O futebol é nossa fuga dos problemas, nossa válvula de escape. É quando torcemos e temos esperança em algo que não temos controle. O futebol tira pessoas do crime, ensina aos jovens a ter respeito, obedecer a regras, a vencer barreiras, a lutar. O futebol junta pessoas de todas as crenças, credos, raças, ideais políticos. Foi com o futebol que eu consegui me aproximar do meu pai, por exemplo. Todos se reúnem com um ideal: torcer pelo seu time de coração.

E por isso eu quis escrever esse texto, explicar. O Corinthians é parte da minha vida desde que eu me entendo por gente, e da vida de milhões de brasileiros. Quem gosta de futebol pode imaginar o que é isso. Mas só quem é corintiano mesmo que entende que o amor que a gente sente por esse clube é amor de pai e mãe. A gente briga, xinga, fica bravo, mas perdoa e continua torcendo, acompanhando e amando esse clube. Quem é corintiano aprende desde pequeno quem foi craque, quem foi ídolo, quem fez por onde no time. E eu espero contar pros meus filhos sobre o Ronaldo um dia. O Craque da minha geração.

Hoje, os brasileiros choraram com o Ronaldo. Imagino o quão difícil foi para ele admitir em seu coração que chegou a hora de dizer adeus aos campos. E além de tudo o que eu já mencionei aqui antes sobre o Ronaldo, uma coisa que eu sempre senti nele foi a humildade. Ele sempre foi verdadeiro. Passa isso com o olhar, com o sorriso. Assistir a aquela despedida hoje foi muito difícil para mim. Ver o meu ídolo dizer adeus doeu demais. Chorei. Senti-me perdendo um ente querido. Engraçado como isso acontece às vezes. O esporte nos faz criar laços com os jogadores, treinadores, torcida, mesmo sem nem ao menos termos trocado uma só palavra com algum deles ao longo de nossas vidas, sofremos quando eles sofrem, sorrimos quando eles sorriem. E tão humilde que é, quis pedir desculpas por algo que estava muito longe de ser sua culpa. Sabemos o quanto ele sofreu e ainda sofre na sua recuperação e sabemos o quanto se esforçou e deu o melhor de si por esse time. Se alguém tem que pedir desculpas aqui, somos nós. Cada um dos brasileiros que foram ingratos e maldosos com você.

O máximo que posso fazer aqui é agradecer. Agradecer ao Ronaldo por todos os sorrisos que ele me trouxe. A todos os momentos bons que ele proporcionou a mim com seus gols, com sua irreverência. Agradecê-lo por se dedicar e se esforçar até o seu limite e nunca desistir, nunca nos abandonar. Obrigada, meu ídolo. Eu sou só mais uma, dentre milhões de pessoas, não só no Brasil, mas no mundo, que o agradece. Eu lhe aplaudo de pé. Você é o número um e como você não há mais nenhum.






domingo, 13 de fevereiro de 2011

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Aloka do Manoel de Barros

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"No começo era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá onde a
criança diz: Eu não escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não funciona
para cor mas para som.
Então se a criança muda a função do verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é voz de fazer
nascimentos -
O verbo tem que pegar delírio."



Ah, Manoel. Se tu soubesses o bem que tu me faz.